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domingo, 1 de maio de 2011

Platônico




Leo me puxou pela mão, percorremos por entre as pessoas.
O show estava otimo, a galera estava eufórica, mas eu precisava respirar um pouco. Ele me conduzia pela multidão para um lugar menos tumultuado.
Estavam tocando uma versão de "Go to him" e me fez hesitar; gosto dessa musica ainda mais por quem ela me faz lembrar (...)
Uma caracteristica de quem está apaixonado é ter a sensação de ver seu ser amado em todos os lugares.
As vezes corremos o risco ao não saber assimilar quando é real e quando é imaginação e nos atordoar. "Mas eu soube no segundo que o vi, que era ele". E sem avaliar o que eu fazia soltei da mão de Leo (com certo esforço) e caminhei a direção diagonal de onde estávamos.
Suspirei ao me ver perdida na multidão por um momento quando te perdi de vista e aliviada ao te encontrar.
Como se eu estivesse sendo puxada por um imã, alguém tão oposto a mim que me atraia de uma forma surpreendente. Me sentia sozinha numa multidão antes de te encontrar, pleonasmo esse, ne?!

Você estava com outro garoto e isso me bastou para perder a coragem de me aproximar. "Quando se pensa muito para agir acabamos não agindo e somente pensando."
Observei você curtindo a musica, você, sem nem imaginar que era a nossa musica. A que me faz suspirar sentimentos por você.
" Você iria me reconhecer. A garota da Internet?"
"E se eu me apresentasse, você iria gostar de mim?"
"Talvez se eu passar por perto posso te tocar e fingir que foi sem querer, só pra constatar que você é real!"

Não , eu não fiz nada disso, eu nem me mexi, acho que o tempo parou, por alguns segundos e eu só me concentrei no que poderia acontecer, no que eu gostaria que acontecesse. Eu vislumbrei de longe o que eu desejava, eu suspirei e me contive a me conformar com o que eu posso fazer. Te apreciar dos bastidores da sua vida.
Algo me segurou no ombro:
- Ainda bem que te achei!!! - Me esquecera de Leo totalmente. Sorri de volta e respondi:
- Que bom, ne... - Voltei a encarar o meu desejo platónico, suspirei e me afastei.
Perdi a vontade de respirar o ar fora da multidão, percebi que o ar não era tão importante assim, se eu estivesse perto de você o bastante para respirar você.

Tentei recompensar Leo com alguns sorrisos, eu me tornei extremamente vaga e ele parecia sentir com a minha indiferença. Eu não me sentia culpada, afinal não esperava contemplar o Sol aquele dia e depois me contentar com uma vela.
Muitas musicas tocaram e as bandas se revezavam no palco. Leo hesitante me deixou só por um momento para nos buscar uma coca-cola.
- Oi? - Eu não reconheci a voz mas sabia que era direcionada a mim, me virei e senti meu coração saltar loucamente no meu peito.
"Era ele, Jeff."
Tudo o que eu fantasiava e encenava na privacidade do meu quarto, imaginando o dia que eu encontrasse com ele que eu o visse de verdade na vida real, e não por um computador numa rede social, me pareceu tolo e infantil.

Ele sorriu e eu sorri. Leo surgiu nesse momento, mas Jeff não é do tipo que se sente intimidado e cumprimentou a ele cordialmente. Leo ficou incomodado, percebi logo, mas ignorei. Não me julguem, o que você fariam se tivessem a oportunidade do destino de falar com seu amor platónico?
Eu sorri e respirei, desejei que o tempo parasse ou andasse mais devagar, porque tudo parecia girar rápido na minha cabeça.
- Eu já volto!!! - Disse Leo se afastando emburrado, ele esperava que eu fosse atrás dele ate Jeff me encarou esperando por isso. Mas não me moveria, nem se eu pudesse raciocinar direito, tudo estava ficando confuso em minha mente. Euforia, dentro de mim eu estava rindo feito criança recebendo um presente grande com embalagem linda que rasgamos logo com tanta expectativa. Leo que me desculpasse depois, desconfio de seus sentimentos por mim, mas enquanto estivermos nas trincheiras da amizade eu não tenho com o que me angustiar. certo?!

Eu não tinha assunto com Jeff, sem nada na cabeça pra falar, deve ser normal quando se está com quem se quer não conseguir pensar em mais nada e não ter o que dizer.
Da sua forma mais natural ele colocou as mãos no bolso do jeans e balançou o corpo sobre os calcanhares pra frente e para trás. Ele sorria tão adorável.
- Legal te ver aqui...- Eu comecei a dizer. Nesse instante alguém gritou seu nome de longe, eram dois garotos usando camisas dos The Beatles. Jeff acenou um "já vou" e voltou a me encarar. - Estão me esperando...Mas gostei de te ver! - Ele sorriu, eu concordei com a cabeça e sorri mais ainda se era possível. Ele se aproximou e me beijou no rosto. Todo meu corpo estremeceu e eu levei a mão a face beijada automaticamente, como se eu pudesse segurar o beijo que me deu. Senti como fiquei quente.

Ele acenou antes de se virar e ir. Me virei também pra poder me concentrar em voltar a respirar meu ar sem ele.
Leo surgiu segundos depois me perguntando da forma menos esforçada possível de esconder seu desagrado, "Quem era ele?"
Apenas respondi: - Um amigo...